A Perícia baiana na ótica do Perito Técnico
Tão importante quanto a elucidação de um homicídio e determinação de sua autoria delitiva é a entrega dos corpos das vítimas a quem são de direito.
Rotineiramente, e digo isso com muito pesar, a equipe de plantão foi mais uma vez requisitada pela autoridade policial para realizar um levantamento cadavérico, duplo nessa ocasião, nas imediações do povoado de Vila Cardoso no município de Caldeirão Grande – Bahia. Não seria distinto do cotidiano se não fosse o fato das vítimas não estarem identificadas.
Chegando ao local, diferentemente do habitual, não havia sequer um civil aguardando a chegada da equipe pericial, apenas dois bravos policiais militares que ali preservavam a cena do crime. Acompanhada do delegado, investigadores e curiosos que posteriormente apareceram, a equipe do DPT (Departamento de Polícia Técnica) composta de um perito criminal, um perito técnico e dois servidores terceirizados, realizou a perícia no local e conduziu os corpos para o IML da cidade de Jacobina – Bahia.
Algumas horas depois, perícia feita, corpos necropsiados e trabalho finalizado. Não bem assim, faltava a entrega dos corpos às famílias que, talvez, ainda nem soubessem da fatalidade.
E como fazer uma inumação digna se nem ao menos sabíamos de quem se tratava? Começava assim um novo trabalho, menos policial e muito mais social e humanitário sem fugir dos preceitos científicos, a identificação necropapiloscópica.
Preocupado com a finalidade, segue o Perito Técnico em busca de vestígios que possam levar à identificação das vítimas.
Não considerado como expediente oficial, porém de estimável valor, o whatsapp mais uma vez impulsiona o inicio das investigações. Comentários em grupos revelam suspeitas de quem poderiam ser. E, sem medir esforços, contatos oficiais com as Autoridades Policiais das Coorpins de Senhor do Bonfim e Jacobina, foram feitos para conseguir dados que pudessem viabilizar a identificação, que enfim pôde ser concluída.
Tratavam-se de dois fugitivos da cadeia da cidade de Senhor do Bonfim – Bahia, BRUNO FARIAS DE LIMA, apresentado falsamente na Depol de Senhor do Bonfim como JHON GUILHERME e o outro GABRIEL BRITO, ambos com registro no IIPM (Instituto de Identificação Pedro Melo) na Bahia.
Por fim, corpos entregues às famílias que, mesmo tomadas pelo sentimento da perda, poderiam passar seus últimos momentos juntos e inumar os seus entes de forma digna.
Mais um trabalho social realizado e, em tempo, aproveito para expressar meu sincero pesar.
Por: Frédson da Rocha Pereira Valois Coutinho
Perito Técnico de Policia Civil
Lotado na 16ª CRPT – Jacobina/BA