Necropapiloscopia auxilia em identificação de corpos carbonizados

A identificação de indivíduos carbonizados representa um significativo desafio na medicina forense, exigindo técnicas especializadas para a recuperação de impressões digitais, fundamentais na necropapiloscopia. Uma das abordagens utilizadas é a hidratação de quirodáctilos, que envolve a remoção cuidadosa da epiderme e a subsequente hidratação com soluções específicas. Esse processo visa restaurar a flexibilidade do tecido, facilitando a coleta de impressões digitais.

Após essa preparação, o tecido é esticado utilizando lâminas de vidro e, em seguida, fotografado para análise. A combinação dessa técnica com programas de computador que aplicam filtros diversos permite uma melhor visualização das cristas epidérmicas, aumentando a precisão das identificações, mesmo em casos extremos de degradação. Essas abordagens são cruciais para resolver crimes e identificar vítimas em situações adversas.

Imagens Ascom Sindpep

Os peritos da Coordenação de Identificação Papiloscópica (CIPAP) desempenham um papel fundamental nesses casos, desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas de identificação necropapiloscópica em diversas situações. Um exemplo notável foi a identificação de um indivíduo carbonizado que, inicialmente, apresentava status de ignorado. Essas práticas são essenciais na execução de políticas de busca por pessoas desaparecidas, juntamente com outros métodos de identificação.

De acordo com o Coordenador da CIPAP, Davi Jorge, perícias como essa, que envolvem a identificação de vítimas carbonizadas, destacam a importância da papiloscopia na Política Nacional de Busca por Desaparecidos. A aplicação dessas técnicas não apenas ajuda na resolução de casos individuais, mas também reforça o compromisso com a justiça e a dignidade das vítimas e de suas famílias.

“A Coordenação de Identificação Papiloscópica (CIPAP) desempenha um papel essencial na identificação de corpos que entram no Instituto Médico Legal (IML). Nossa equipe é responsável por atender e liberar todos os corpos, coletando impressões digitais que são cruciais para a identificação das vítimas. Este trabalho é de extrema importância para a sociedade, pois lidamos com diferentes tipos de cadáveres, incluindo aqueles em estado de carbonização, que muitas vezes não são reconhecidos pelas famílias, ou indivíduos cujas identidades são completamente desconhecidas e que estão desaparecidos.

Estamos plenamente envolvidos na Política Nacional de  Busca de Desaparecidos para identificar pessoas desaparecidas, o que inclui atender também casos de indivíduos que se encontram em hospitais. Muitas vezes, essas pessoas estão impossibilitadas de se identificar a si mesmas, seja por razões físicas ou mentais, como em casos de surto, e não portam nenhum documento de identificação, estando desacompanhadas. Por isso, nosso trabalho é fundamental para restituir a dignidade às vítimas e trazer respostas para as famílias, reforçando a importância da identificação correta e eficiente na sociedade” afirmou o Coordenador da CIPAT, Davi Leite.