Mortos em confronto são identificados por meio de necropapiloscopia
No último dia do Carnaval (4), o bairro de Fazenda Coutos, em Salvador, foi palco de confrontos entre grupos criminosos e a Polícia Militar, o que, de acordo com informações da Secretaria de Segurança do Estado da Bahia (SSP-BA), resultou na morte de 12 pessoas. Em meio a esse cenário trágico, a técnica de necropapiloscopia se destacou como um recurso crucial na identificação das vítimas, facilitando o início da persecução penal e as investigações durante o inquérito policial.
Os peritos papiloscopistas da Coordenação de Investigação Papiloscópica (CIPAP) desempenharam um papel fundamental na coleta e análise das impressões digitais no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues e no Instituto de Identificação Pedro Mello. Eles foram responsáveis pela identificação dos corpos provenientes do confronto armado, em um trabalho integrado com as equipes de investigação criminal dos suspeitos presos, coleta de vestígios no local do crime e identificação de vítimas fatais, formando o que comumente chamamos de ciclo completo papiloscópico. Por esta razão, a preservação do local de crime é essencial para garantir a integridade dos vestígios, uma tarefa desafiadora devido à curiosidade pública e à necessidade de agilidade na resolução dos casos.
O que é a necropapiloscopia?
A necropapiloscopia, que utiliza impressões digitais para reconhecer cadáveres, é uma das principais ferramentas dos peritos papiloscopistas na elucidação de crimes. A técnica se concentra na identificação humana post-mortem por meio das impressões digitais, permitindo que os peritos realizem identificações de forma rápida e eficaz. Em muitos casos, a necropapiloscopia consegue identificar até 90% das vítimas que chegam aos centros de perícia, conforme demonstrado em experiências anteriores.
Apesar da eficácia da necropapiloscopia, a técnica enfrenta desafios em casos onde os corpos estão em avançado estado de decomposição ou sofreram danos físico-químicos, como putrefação ou carbonização. Além disso, os papiloscopistas enfrentam dificuldades relacionadas à falta de segurança jurídica em muitos estados sobre o reconhecimento de sua função como peritos oficiais, disputas internas com outros especialistas e a ausência de uma cultura de solicitação de perícias papiloscópicas pelas autoridades requisitantes.
Além de ajudar na identificação das vítimas, a necropapiloscopia contribui significativamente para a economia de recursos públicos. Enquanto um exame de DNA pode custar cerca de R$ 500, um exame necropapiloscópico tem um custo aproximado de R$ 3,80. A rapidez da técnica é essencial em situações de violência extrema, como chacinas, onde a identificação das vítimas pode fazer a diferença na busca por justiça.