Juiz usa falsa identidade por 44 anos e é descoberto por Papiloscopia
O roteiro parece clichê. Um homem branco, discreto, bem relacionado, construindo boas condições financeiras, ocupando cargo de prestígio no judiciário brasileiro, oriundo de uma Universidade referência para o Direito, que, por 44 anos, enganou a todos criando e assumindo uma identidade falsa. Até ser revelado por ela: a indiscutível ciência Papiloscópica.
A história não é ficctíca. José Eduardo Franco dos Reis decidiu se tornar o lorde britânico Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield em setembro de 1980. Criou seu enredo, afirmando ter nascido no Brasil e vivido na Inglaterra até os 25 anos, onde garantiu ter estudado matemática e física e jurava ser neto de um juiz do Reino Unido.
Como nobre, estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP) na década de 1980, foi aprovado em concurso para juiz em 1995, ocupando, inclusive cargos de destaque na magistratura paulista. José Eduardo/Edward Albert obteve diversos documentos a partir de uma identidade falsa. Ele possuía dupla inscrição eleitoral, dupla inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e um passaporte em nome da personagem da aristocracia inglesa.
Sabe onde ele foi pego? Numa investigação, no final do ano passado (2024), quando o Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), o Instituto de Identificação do estado de São Paulo, detectou que dois nomes possuíam registros distintos no sistema, mas os mesmos dados papiloscópicos. Ele tentou atualizar sua Carteira de Identidade, num posto de atendimento rápido, e teve sua fraude descoberta devido à unicidade das impressões papilares de cada ser humano.
O laudo de confronto papiloscópico realizado pelos peritos atestou que Eduardo e Edward são, indiscutivelmente, a mesma pessoa, que agora é indiciado por, há décadas, vir cometendo crimes de uso de documento falso e falsidade ideológica. O recurso revelador da fraude foi a Papiloscopia. A ciência que identifica pessoas por meio de impressões digitais formadas pelas papilas dérmicas, que são formadas na vida intrauterina e mantidas até a decomposição completa do corpo após a morte, e seus padrões únicos, perenes e imutáveis